segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

JVP


Benfica-Olhanense

1 - A chama não foi imensa mas deu para ganhar

Do Benfica pode dizer-se que a chama não foi imensa, mas foi a suficiente para ganhar com justiça. A minha alusão à chama tem que ver com um facto que se tem notado repetidamente. Independentemente de tudo quanto se tem dito, o que tem faltado ao Benfica - obviamente que na minha óptica - é, precisamente, paixão. Eu sei, e toda a gente sabe, que a equipa não é a mesma, que os jogadores que entraram não estão ao nível dos que saíram, mas a comparação com a época passada é inevitável e percebe-se com clareza que a este Benfica falta alma, falta paixão. Isso nota-se até na forma meio tristonha como os golos são festejados.

2 - Paulo Sérgio e Jorge Gonçalves punham em causa domínio do Benfica

A primeira parte foi equilibrada, embora coubesse ao Benfica maior iniciativa e domínio, mas faltava-lhe ter mais bola, uma maior dinâmica ofensiva, para além de que eram notórios os desequilíbrios defensivos, que serviam, e de que maneira, a estratégia do Olhanense, que queria jogar em transições muito rápidas. O modo de jogar do Benfica acabava por servir os interesses de um adversário bem organizado que teve sempre Paulo Sérgio e Jorge Gonçalves apontados à baliza de Roberto. E não é fácil controlá-los, porque são dois jogadores muito rápidos mas experientes, que criaram várias situações de aperto para o Benfica.
Neste particular dos desequilíbrios, creio que a equipa foi de encontro ao que tenho vindo a afirmar da falta de paixão. Por exemplo, a inclusão de Rúben Amorim na esquerda do meio-campo do Benfica deveria servir para proteger as subidas de Fábio Coentrão, mas a falta de alma a que me refiro não o permitiu. Os sectores estiveram muito separados durante a maior parte do tempo e pouca gente se preocupava em recuperar quando a bola era perdida. Essa postura só serviu para facilitar a estratégia do Olhanense, que apesar de jogar com o bloco baixo saía para o ataque com três e quatro jogadores sem que o Benfica tivesse igual número de elementos a correr para o evitar.

3 - Faltam espaços e inspiração

Por mérito próprio, o Olhanense não dava ao Benfica os espaços de que precisava para criar situações de golo. Obrigava Aimar a recuar muito para organizar o jogo e retirava espaço de manobra a Saviola para criar os desequilíbrios que sempre procura quando tenta jogar entre linhas. Refiro-me especificamente a esses dois jogadores porque Rúben Amorim e Gaitán não conseguiam criar desequilíbrios, o primeiro porque não tem essas características e o segundo por estar desinspirado. Excepção feita aos remates de Cardozo, o Benfica não conquistava espaço devido à lenta circulação de bola que estava a fazer. Para acalmar o grupo e a plateia, valeu um golo feliz no aproveitamento de uma bola parada, com a sorte suplementar de acontecer perto do intervalo. Acabou por ser um golo importante, até porque nessa altura a vantagem do Benfica em termos de jogo era muito pequena e Carlos Fernandes também podia ter feito golo para o Olhanense.

4 - Golo anulado ao Olhanense mostra apatia do Benfica

A segunda parte teve 10 minutos iguais aos 45 da primeira, com o Olhanense a tentar subir no terreno e bem cedo teve um golo anulado. Mesmo não querendo julgar o lance, foi uma situação que mostrou bem a apatia que estava instalada no Benfica. O lance parece ter espicaçado os da casa, que a partir daí, mesmo sem jogarem um futebol atractivo, passaram a controlar os movimentos do adversário de uma forma mais segura. No ataque, o Benfica passou a criar situações de embaraço para Moretto de cada vez que acelerava, apesar de ter jogado no risco durante tempo de mais, pois marcou o segundo aos 80' e até aí esteve sempre sujeito a que um erro ou lance de inspiração do Olhanense pusesse a vitória em causa. E pela forma do jogar da equipa algarvia, esse perigo era mesmo real.

5 - Luisão e Roberto foram os melhores

Embora não tenha havido grandes destaques individuais - ou se calhar por causa disso mesmo -, no Benfica vou escolher Luisão e Roberto como os melhores. Tratou-se de um jogo ingrato para ambos, porque o Benfica teve momentos de mais em que se desequilibrou e tiveram de ser eles a resolver os problemas. Luisão adoptou um sistema de não facilitismo e chutar para a frente pode não ser bonito mas há alturas em que dá muito jeito. É um líder nas jogadas aéreas e deixou-se de algumas invenções que lhe vimos nos primeiros anos de Benfica. Roberto, sempre que chamado a intervir, esteve bem. Do lado do Olhanense destaco o trabalho de Paulo Sérgio, um jogador irreverente, activo, que procura ter a bola e, com ela, foi sempre incómodo para o Benfica.

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